terça-feira, fevereiro 06, 2007

A hipocrisia do Não

Vemos nesta última semana de campanha mais uma viragem nos argumentos do Não.
Agora, pelos vistos, acordaram, e já falam num "Não com compromisso", o compromisso de alterar a lei, o compromisso de fazer algo que nunca deixaram fazer nos últimos oito anos.
Pelos vistos agora, principalmente depois do que se tem visto, e do programa prós e contras, os partidários do não são favoráveis a mudanças na lei pasme-se para despenalizar a mulher, ou o aborto naturalmente.
Pelos vistos agora já não é tão importante o referendo nem a sua decisão. Afinal agora, para mudar a lei já não precisam do referendo, ao contrário do que aconteceu nos últimos oito anos.
O Primeiro Ministro, e bem, frizou que para alterar a situação do aborto, só mesmo com o referendo, pois essa é a exigência legal, e até moral. Como vamos fazer passar na Assembleia algo que não passe no referendo? Seria incongruente, tão incongruente como Marques Mendes que combateu sempre todas as iniciativas no sentido de mudar a lei no Parlamento e que agora, qual pessoa iluminada vem propor alterações.
Tão incongruente como o próprio PSD que se diz sem posição mas tem tempos de antena incompreensíveis e de claro apoio ao Não.

Para mudar a lei é preciso votar Sim, é a única maneira de esta mudar, ÚNICA.

Tentam agora muitos apoiantes do não aliviar as suas consciências não querendo a mulher a tribunal ou na prisão utilizando para isso Institutos legais absurdos quando falamos de crimes.

Apesar de tudo, esta tem sido uma campanha mais moderada, mais respeitadora e mais diversificada do que a que ocorreu há oito anos, e isso é bom para todos e principalmente para o esclarecimento dos indecisos que serão cada vez menos.
Sabemos que neste Cocnelho, como neste Distrito, é muito difícil apoiar o Sim, fazer campanha pelo Sim e isso ser aceite por todos. Nós aceitamos todas as opiniões, e este blog é a prova disso mesmo.
O debate é naturalmente quente mas sempre esclarecedor.

Últimas notas para não haver dúvidas:

- A pergunta foi aprovada pela Assembleia da República, pelo Governo, pelo Presidente da República e pelo Tribunal Constitucional, logo a pergunta é válida e constitucional.
Não há, votando Sim ou Não, violações à Constituição, nomeadamente ao direito fundamental Vida. Se houvésse, naturalmente que a pergunta não seria aceite.

- Não se vai mudar a lei no Parlamento. Esse sempre foi um entendimento de todos desde há oito anos atrás, os portugueses são soberanos e o referendo serve para isso mesmo. MAtéria decidida em referendo é decidida em referendo e não na Assembleia, sobre pena de a Assembleia desrespeitar o voto popular.

- Quer queiram quer não, o Não deixa tudo como está. Foi exactamente o que aconteceu no último referendo. Em oito anos nada mudou, e será o que acontecerá se o Não vencer novamente.

- Nós não queremos ver as mulheres em Tribunal, sujeitas à devassa da sua vida privada e exposição pública, sujeitas à censura popular´.

- Nós não queremos que o aborto clandestino continue a fazer vítimas, continue a lucrar impunemente com o sofrimento das mulheres, continue a alimentar um comércio paralelo sem regras e sem lei.

- Nós queremos que haja aconselhamento às mulheres, que possam reflectir sobre a sua decisão, que possam ser aconselhadas a evitar o aborto. E isso só com o Sim se consegue, já que o Não deixa as mulheres ao abandono e à sua mercê, escolhendo entre nada e coisa alguma.

6 comentários:

Anónimo disse...

Respeito as pessoas que defendem uma das duas opções que estão a referendo, mas gostaria de ver mais coerência de um e de outro lado.
Sendo contra o aborto, dei por mim sem saber o que faria caso soubesse que iria ter um filho com mal formações.
Acho que só responderia, com verdade, a tal questão caso estivesse a viver a situação.
Verdadeiramente não sei se me acharia com capacidade para assumir a responsabilidade de ter esse filho.
Assim agora dou por mim a pensar se devo votar no sentido de impôr as minhas convicções a todos os que não pensam como eu e que não se acham capazes de assumir a rsponsabilidade de ter um filho (ainda que sem saberem se mal formado).
É pacificamente aceite que há morte quando é verificada a "morte cerebral". E a partir daí podem fazer-se recolhas de órgãos, pois entende-se que já não há "VIDA".
Sabe-se que entre as dez e doze semanas forma-se o sistema nervoso central. Creio ser pacífico que antes de este existir não pode haver "funções cerebrais" - "Vida cerebral".
Pergunto: porque não se poderá aceitar a "vida cerebral" no seu início como se aceita no seu fim?

PTM disse...

Essa é uma questão muito pertinente.
Eu sinceramente acho que, por muito que se discuta e se debata, é a consciência de cada um que ditará o resultado.
Por nós, aqui, apenas pretendemos dar o nosso ponto de vista e refutar argumentos quen os parecem inaceitáveis. Contudo, respeitamos qualquer opção.
Vc é contra o aborto, tal como eu, e qualquer adepto do sim. Se todos tivermos bom senso veremos que ninguém é a favor do aborto.
E ninguém impõe convicções a ninguém e por isso o voto é de cada um e é esse voto que decidirá o futuro da lei. O mais importante é memso que o referendo seja vinculativo.
Teve um óptimo contributo aqui, e espero que participe mais vezes, pena é que não se identifique.

Anónimo disse...

Quem tiver minimamente intresado no assunto do aborto veja o video de apresentaçao da seguinte pagina: http://www.abort73.com/HTML/I-case.html

dá um pouco que pensar, e se fossem as vossas mães a pensar no aborto????
talvez hoje em dia não estivessem cá para discutir o assunto.

Anónimo disse...

Infelizmente este referendo vai dar em coisa nenhuma.. Hipocrizia política. A resposta ao aborto não está no sim, nem está no não.... Está em medidas sociais.. coisa que não se debate. O Sr. Socrates vem dizer a público que se o não ganhar não vai fazer nada.... Ai está uma ATITUDE de louvar! E temos um Senhor destes como nosso primeiro ministro... Para mim é uma vergonha um representante dos portugueses fazer CHANTAGEM! Inqualificável a postura deste senhor.

Esta questão poderia muito em ter sido resolvida em Assembleia da República... Descriminalizava-se o aborto até às 10 semanas, criavam-se medidass sociais. Será que os principais partidos não conseguiriam arranjar medidas consensuais para este grave problema social!

Nenhuma mulher faz um aborto por lhe apetece... A lei não é adequada, MUDA-SE!

Dia 11 vou render-me à chantagem do Senhor Ministro :(

JS Vila Nova de Paiva disse...

"Descriminalizava-se o aborto até às 10 semanas".
O referendo é exactamente para isto. Votar Sim é descriminalizar o aborto até às dez semanas.
E não há chantagem nenhuma, o que o Primeiro Ministro diz, e bem, é que respeita o voto do Povo, tal como há oito anos se respeitou.
Não é não, não é sim.

Anónimo disse...

Caro JS Vila Nova de Paiva

Continuando... As declarações do Primeiro Ministro são despropositadas e não lhe ficam bem... Ou também vai usar malabarismos de palavras como foi feito no caso das declarações do ministro da economia na China!
Politiquices!

Votar NÃO, não significa deixar tudo como está! Ou não percebe isso?

Eu quero ver as medidas que vão sair da Assembleia da República quer o SIM ganhe quer o NÃO ganhe...
Isso sim, aí vamos ver se a sociedade ganhou ou não! Isso é que é IMPORTANTE!

Homem da Nave