terça-feira, janeiro 30, 2007

Resposta ao "A vida boa é só para alguns" do Tribuna Laranja

O post publkicado no blog Tribuna Laranja é fruto de demagogia pura. Do tipo de discurso destinado a atirar areia para os olhos das pessoas.Salvo o devido respeito, e, porque acho importante o debate de ideias a fazer aqui, nesse, ou em outro blog não poderia deixar passar em claro esta oportunidade.

O "Não" baseia a sua campanha na defesa da vida, defesa da vida, defesa da vida.
Bem, o "Sim" também é pela defesa da vida, e disso não tenham dúvidas.
O que eu gostava de saber era onde andavam os defensores do "não" e o que fizeram quando a lei actual foi aprovada, quando o artigo 142.º do Código Penal foi aprovado.
É muito fácil dizer meia dúzia de chavões a apelar ao sentimento mas depois cai-se em incoerências graves.Senão vejamos:
Perigo de saúde física ou psíquica da mulher - pode se abortar. Onde está a defesa da vida aqui?doença grave ou má formação congénita do nascituro - pode-se abortar. Onde está a defesa da vida aqui?E é aborto nas primeiras 24 semanas, não nas dez.
Em caso de violação - pode-se fazer aborto até às 16 semanas. Onde está a defesa da vida aqui?

"É justo utilizar o aborto como medida contraceptiva?" - É óbvio que não. Mas quem pensa que o aborto é uma medida contraceptiva? Até parece que fazer um aborto deve ser a coisa mais fácil do Mundo para uma mulher. Até parece que a mulher não ficará perturbada com uma decisão difícl como esta para tomar.Estga pergunta não faz sentido.

"Acha justo o dinheiro dos seus impostos serem utilizados, para tirar vidas?" - Aqui posso responder com outra pergunta: Acha justo que mulheres possam abortar em condições higiénicas e de saúde boas em Espanha enquanto outras, porque não têm possibilidades económicas, se sujeitem Às maiores actrocidades e corram risco de vida? Acha justo que mulheres sfram danos irreparáveis ou percam a sua vida porque decidiram conscientemente que queriam fazer um aborto porque não teriam condições para ter uma criança?
´Já agora, sabiam que o Estado e o SNS poupará dinheiro também pois acabarão com as entradas no Hospital de mulheres gravemente afectadas e em perigo de vida depois de ter corrido mal um aborto, e não são tão poucas quanto isso.

"E se um familiar seu, MORRER, quando os médicos estão ocupados a fazer abortos" - não sei se isto merece resposta... que eu saiba quem tratará dos abortos, bem como dos nascimentos, ^são de um serviço próprio, e não qualquer médico de outra especialidade. Enfim... pura demagogia.

Não vi, naquele post um único argumento para votar "Não". Apenas divagações sentimentalistas.

É importante votar SIM para mudar algo que está profundamente errado. Há contatações: há milhares de abortos em Portugal, e a actual lei não conseguiu resolver esse flagelo, vamos ficar na mesma?
Muitas mulheres correm risco de vida ao fazerem-no clandestinamente, vamos deixá-las à sua sorte? Não vamos tentar proteger essas mulheres, e já agora essas vidas?
A repressão penal já demonstrou não ser eficaz, deixando as mulheres à sua sorte.

É óbvio que se devem combater os factores que levam à gravidez indesejada mas, tal como diz Vital Moreira "é humanamente muito cruel tentar impô-las sob ameaça de julgamento e prisão".

E o que está em causa neste referendo é tão só isto. Não é mais nada. O que está em causa é saber se as mulheres devem ser julgadas, passar pela humilhação e devassa da vida privada numa sala de tribunal podendo ir para a prisão. É isto que está em causa e é sobre isto que se votará sim ou não.

Será que as mulheres portuguesas não são responsáveis? Não sabem tomar decisões? Nós acreditamos que sim, e acreditamos que quanto maior for a sua liberdade mais fácil será a sua escolha, e também mais fácil será tentar que elas não interrompam a gravidez.
Porque a liberdade é também um direito fundamental. Ter liberdade de escolha é meio caminho andado para poder ser esclarecida e motivada para toda a vida.

4 comentários:

Viperina disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Viperina disse...

Lendo este e o anterior post fico com a sensação que o SIM é um voto lógico e completamente consolidado - QUANDO NÃO O É e desvaloriza algumas situações que não deveria.

O que este blog não fez nem nenhum das redondezas fez foi colocar simplesmente a questão que se vai referendar:

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado? "

Ora esta questão é vaga e o que referenda na realidade não é a não criminalização e perseguição judicial da mulher mas sim o tornar LIVRE O ABORTO SEIJAM QUAIS FOREM AS RAZÕES DESDE QUE A MULHER ASSIM O DECIDA e a prova e o tipo de facto que o próprio post descreve.

Ora se usa o argumento demagógico que o que está em causa e a perseguição da mulher, já agora sabem-me dizer quantas mulheres foram presas por cometer aborto? Eu sei, 0 mulheres.

Mais acho que votando SIM, nada se altera, o aborto continuará e aumentará aliás como provam as estatisticas do EUROSTAT (fonte que não tem parte interessada).

Acho também que o Não obriga o estado a pensar noutras formas de integrar as mulheres e de "combater" este drama, não deixando de fora a parte mais fraca e sem voz da equação.

Porque se gastam cerca de 10 milhões de euros num referendo, mas não se pensa em aplicar esse dinheiro em formas de combate efectivo.

Vários responsáveis Hospitalares já declararam não haver capacidade instalada para fazer face ao numero previsto de abortos e ENTÃO OS CASOS QUE NÃO TIVEREM VAGA/ATENDIMENTO? terão o filho? julgo que irão às clinicas clandestinas na mesma, se já não o equacionarem ir por razões sociais de sigilo (alguma rapariga de VNPaiva iria a viseu fazer um aborto?!).

Há mais mas este post já está longo e apenas pretende mostrar que nem tudo é tão óbvio, e que falta esgotar muitas medidas antes de se partir para esta solução.

cmps

Anónimo disse...

A mulher será sempre acompanhada por profissionais, sejam médicos sejam psiquiatras de modo a que o aborto seja mesmo a última opção a tomar.
Não acontecerá uma mulher chegar ao Hospital e dizer quero abortar, se siga, aborta. Não é isso que se irá passar, e isso está explicado no projecto-lei que está para ser discutido na especialidade na Assembleia da República.

Zero mulheres foram presas, ok, mas quantas foram condenadas? A maioria. E nem é pela condenação em si, é, muito mais pela exposição pública da vida íntima da mulher, da devassa da sua vida que acorre quando um caso destes vai a tribunal.Muitas vezes o simples julgamento já é pena mais do que gravosa.
Votando sim nada se altera? Será que as mulheres, ewm vez de abortarem em locais clandestinos sem higiéne nem meios em condições, se abortarem em estabelecimentos de saúde legalmente autorizados não ficarão em melhores condições? Não evitarão os problemas pós parto, ´não evitarão ficar com sequelas físicas para a vida? Não evitarão muitas vezes a morte?E isto não é ser demagógico, já muitas mulheres MORRERAM ao tentar abortar.
Votar Não É QUE É DEIXAR TUDO NA MESMA. O não é mais do mesmo, e este mesmo já se viu que não funciona.
O combate ao aborto será feito muito melhor caso o SIM vença. Porquê? Porque desse modo, evitamos em grande medida o aborto clandestino, e conseguimos que as mulheres sejam atendidas num local onde o lucro não seja o objectivo e aí, o aconselhamento será prestado podendo assim a mulher reflectir melhor.
Já para não falar em todas as medidas que se têm de implementar e reforçar como o planeamento familiar e a educação sexual p ex.
Não é com repressão penal que vamos a algum lado, isso não é de certeza.

PTM disse...

Quanto ao Tribuna Laranja, é verdade, cada um manda no seu corpo, eu mando no meu como vc manda no seu.Não tem lógica? O consumo de drogas leves está despenalizado há alguns anos já, ninguém é punido pelo consumo, o que se pune é o tráfico.Quem somos nós para impedir alguém de fumar droga ou outra coisa qualquer?
A liberdade é também tudo isso que disse.

Quanto ao Miguel, respeito profundamente o que lhe aconteceu, mas por isso é que temos de dotar o SNS de mais meios. Com certeza ninguém irá morrer por se estar a fazer um aborto, até porque umk aborto até às dez semanas é muitas vezes feito sem ter de recorrer a cirurgia.
PS: o anterior anónimo fui eu que escrevi tb.