quarta-feira, janeiro 24, 2007

O caso da Ana Filipa e do sargento

O "Prós e Contras" desta semana trouxe à ribalta um fenómeno que tem tanto de interessante como de perigoso: o poder dos media.
De facto, o caso da menina Ana Filipa, e do sargento que está preso é um exemplo fulcral do poder de desinformação, persuasão e influência que os media têm na praça pública e na sua opinião.
Há muito que não se via uma coisa destas.
Transmissões em directo nos Jornais, apoio às petições a apelar ao "habeas corpus"!!!!!!, sem sequer dizerem as reais possibilidades que esse requerimento terá... a meu ver nenhumas. Prisão ilegal??? quando é uma prisão que resulta de um processo judicial e julgamento adequado? Enfim...
A função da comunicação social e dos jornalistas deveria ser informar. Informar o que é um "habeas corpus", informar de todos os procedimentos em vez de à partida julgarem sumariamente quem julgou o sargento.
No outro dia então foi o cúmulo, o Sr. Paulo Camacho, no Jornal da Noite da Sic, entrevistou o Presidente da Associação Sindical dos Juízes, aliás, a primeira pessoa a falar de factos verdadeiramente relevantes e desprezados pela Comunicação Social. O que aconteceu? Paulo Camacho tentou deturpar as suas palavras, cortou-lhe várias vezes a palavra e tirou conclusões completamente erróneas.
É isto que neste momento temos em Portugal infelizmente.
Já no "Prós e Contras" conseguiu-se ter um debate minimamente equilibrado para tentativa de esclarecimento de todos porque a meu ver este caso está claramente extrapolado e inflamado.

A verdade é esta: se, há dois anos e meio o sargento tivésse cumprido, como era sua obrigação, a decisão do Tribunal, nada disto acontecia. A menina tinha sido entregue aos dois anos e meio de idade a quem de direito. Mas não, não cumpriu, não respeitou a decisão do Tribunal, fugiu com a menina como está agora fugida a sua esposa.

1 comentário:

Viperina disse...

Este caso é peculiar, pois na minha opinião houve erros em/de todas as partes envolvidas: começando na advogada que levou os detentores da guarda ao notários e não à seg.social, passando nos tribunais e acabando nos media - todos meteram o pé na poça.

Os media projectaram este caso a um nível dificil de conter, dificil de deixar sentenciar. Restrigindo-me ao que foi divulgado pela televisão, por ter sido o meio que mais segui, é chocante a notória ocultação de factos. Até um programa de reconhecido prestigio com é o Prós e Contras não conseguiu ser imparcial,o representante dos orgãos de comunicação defendeu-se com tempo ilimitado a uma carta do sindicato dos juízes que salientava a importância dos media darem ao seu publico todos os factos/dados deixando-os formular uma posição mais fundamentada - que é precisamente isso que tem faltado nos meios de comunicação e Portugal - rigor, isenção e verificação de fontes, de dados

Terminando, é uma situação delicada com forte mediatismo que espero chegue a melhor solução e onde seja salvaguardado o elemento mais importante no meio de toda esta confusão - a criança.

Espero que este "reboliço" leve as entidades responsáveis a tomar medidas que optimizem o processo de adopção, que tornem a comunicação entre as várias instâncias legais mais efectiva, que obrigue os meios de comunicação a serem imparciais e rigorosos.

cmps.