terça-feira, janeiro 09, 2007

A Carta Educativa

Decorreu no último sábado, no Auditório Municipal, a discussão e apresentação pública da Carta Educativa para o Concelho.
Um Auditório a rebentar pelas costuras receber algumas centenas de pessoas que rpetendiam manifestar o seu desagrado pelo hipotético fecho de escolas das suas freguesias, ou a transferência para outra freguesia.
Como os trabalhos decorreram, seria impossível discutir convenientemente a Carta, havendo clara falha de organização, também motivada pela inesperada afluência da multidão, e também alguns erros cruciais cometidos pelo Sr. Presidente da Câmara logo a abrir as hostilidades, discursando sem nada dizer e permitindo e respondendo a interpelações directas do público numa altura emque os ânimos estavam exaltados.
Ressalta da medíocre intervenção do Sr. Presidente da Câmara o desconhecimento pelo assunto em causa evidenciado por uma frase dita por ele respondendo ao que era a Carta Educativa: "A Carta não fala de encerrar escolas".
Ora, se há coisa que está enfatizada nesta Carta é o encerramento de escolas e a criação dos pólos educativos.
O desconhecimento do assunto levou-o também a dizer que "A Carfta é uma relação das escolas, dos alunos, tudo quantificado". Ora, a Carta é, ou deve ser muito mais dos que isso. Como deve ser mais do que o encerramento de escolas.
Na Carta Educativa devem estar definidas as políticas de educação para o futuro do Concelho.
É incrível como, a título exemplificativo, quase nada se disse sobre o ensino secundário, sendo, a nosso ver, ~uma das grandes pechas da educação neste Concelho.
Ao invés, apenas se falou do primeiro ciclo que, por ironia do destino, nem sequer esteve representado em qualquer órgão ou comissão de elaboração da Carta.

Pelo lado positivo, a afluência de pessoas ao Auditório, a existência de uma discussão pública e, mesmo que pouca, ainda houve alguma discussão sobre Educação e sobre as crianças e jovens do Concelho.

Negativamente, além do exposto, a intervenção do vereador Avantino Beleza, que, nada dizendo sobre a Carta nem sobre a Educação, limitou-se a fazer política à sua moda, como todos bem conhecemos, incendiando ainda mais as hostes presentes.

12 comentários:

Vitor Sá disse...

Boa tarde a todos:
Não podendo comentar directamente o post uma vez que não presenciei os factos relatados, gostaria de discordar de um dos pontos focados. Um dos maiores problemas no nosso concelho relativo ao ensino é o Ensino Secundário ? Não me parece claramente. Acho que atendendo ao meio e as condiçõpes sociais da região parece-me que a escola de VNP até costuma obter bons resultados. Senão veja-se na quantidade de alunos da nossa escola quye entrar para a Universidade. E estou a falar cursos com média não muito baixa. Para mim o grande problema do nosso concelho no que diz respeito à educação é o ensino primário. É deprimente olhar para as condições em que algumas escolas se encontram. Aí sim existem falta de condições. Um bom sinal foi dado com as obras na cantina do antigo ciclo... Vamos ver se continuamos no bom caminho, e claro está Sr Presidente, se ler este comentário não se esqueça que continuamos à espera de uma escola profissional para o concelho...
Até breve

PTM disse...

Naturalmente respeito a sua opinião, concordo com o que diz, mas não deixo de continuar a afirmar a minha convicção que há grandes pechas no ensino secundário. Há falta de opções para os jovens escolherem.
Muitos jovens entram para a Universidade, é verdade, e isso é bom, mas quantos têm de mudar de escola para poderem ter acesso a disciplinas que lhes permita candidatar-se a alguns cursos? É que nem estamos a falar de novas áreas, falo de disciplinas.
A meu ver, este é um grande e grave problema.

Sergio Pereira disse...

Não podemos esquecer que a Secundaria de Vila Nova de Paiva, desceu consideravelmente no ranking das escolas

Vitor Sá disse...

Caro Paulo Marques:
Em 1º lugar deixe-me saudá-lo pelo regresso ao debate de ideias.
Concordo consigo em certa parte. Mas para mim o que é essencial, é uma escola profissional. Mas uma escola em condições, que traga alunos de outros concelhos para o nosso. Aliás é uma forma de chamar gente para o nosso concelho, que tanto precisa. Dou-lhe um exemplo concreto: se Carvalhais (perto de S. Pedro do Sul) que é um aldeia (ou vila ?) muito inferior a Vila Nova ou a Vila Cova (uma vez que tb é falada como destino da escola) tem uma escola profissional em que tem todos os anos que recusar candidaturas por falta de espaço e de condições fisicas!!! Sim pq para quem não sabe esta escola profissional funciona numa espécie de salão paroquial do igreja local. E acreditem, esta escola é muito concorrida.

A meu ver, o antigo ciclo está subaproveitado.
A minha solução seria: usar o antigo ciclo para escola profissional, os alunos que lá estão actualmente iriam para para a escola atrás da secundária, e se não houver espaço para toda a gente, os alunos das turmas mais avançadas iriam para a escola secundária que está "às moscas".
Parece-me uma ideia razoável.
Até breve

PTM disse...

Confesso que não sei até que ponto a Escola Profissional seria a melhor ideia mas, de facto, uma Escola Profissional insere-se muito mais numa problemática de 2.º e 3.º ciclos do que do 1.º naturalmente.
Os meus receios advêm da promessa do Sr. Presidente da Câmara que falava de uma Escola Profissional sem dizer que Escola, que cursos, em que condições. Dizia porque era bonito dizer. Por outro lado, as verbas para a Escola Profissional estiveram no Orçamento de 2006, em 2007 desapareceram. Pelos vistos esqueceu a ideia.
De qq forma creio que, no momento já há soluções que podem ser mais viáveis e se ligam com os cursos profissionalizantes e currículos alternativos ao alcance de qualquer um.
Ou seja, consegue-se na escola "normal" aceder a cursos profissionais. A título de exemplo, sei que os que frequentam o curso de restauração estão a ter algum sucesso.

Viperina disse...

Não tendo tido a oportunidade de estar presente analisei contudo a Carta educativa disponível no sitio da câmara.

Queria ressaltar aqui algumas medidas lá propostas, por muito que elas sejam (im)populares:

-Transferência dos alunos do JI da Cerdeira para a EB1 nº 1 de Touro,
ficando a funcionar em Cerdeira somente o 1º ciclo do ensino básico.

-JI Pendilhe->JI de Vila Cova a Coelheira
-JI Fráguas -> Vila Nova de Paiva
-JI Alhais -> Vila Nova de Paiva
-melhoramento e adequação do JI do Touro e Vila Cova para receber este nr de alunos

estas são as medidas relativas ao 1ºciclo - ensino de infância.

- Criação de 2 pólos escolares
1.Agregaria freguesias de Pendilhe e Vila Cova
2. as restantes freguesias a localizar na sede do concelho

a Carta dísponível apresenta ainda alguns estudos estatisticos, cálculo de deslocação entre localizações e propostas alternativas.

Face a estas propostas (que não são um levantamento exaustivo da carta proposta) e ao periodo (discussão e apresentação de propostas)em que se realizou a sessão, não entendo o comportamento que foi descrito no post.

Estas medidas apesar de serem discutiveis, são quanto a mim uma racionalização de meios, equipamentos permitindo dotar os alunos de melhores condições de aprendizagem.

Sei que custa aos habitantes por exemplo de pendilhe "perderem" uma instituição escolar mas será preferivel mantê-la em funcionamento com 2 alunos?

Esta é uma questão complicada e relevante que carece que se ponham partidos politicos à parte e se tente efectivamente chegar à melhor solução possível, aquela que garanta um melhor ensino.

Para terminar queria manifestar o meu espanto de uma assitência tão alargada e tão (des)informada estou a exercer alguns esforços para perceber se toda esta assistência foi obtida por "geração espontânea"...tenho as minhas dúvidas.

Cmps.

PTM disse...

Viperina, as suas dúvidas também me acompanham, dificilmente teria sido por geração espontãnea.
Ah e saliento que concordamos com a concentração escolar, sem dúvida , como meio de racionalizar meios e dar melhores condições físicas e pedagógicas, mas acima de tudo por servir melhor os alunos, o que é algo em que os pais e familiares se esquecem.
É incomparavelmente melhor para um aluno ter muitos colegas numa escola, ter muito melhores condições a acesso a tudo o que em outra escola não poderia ter.

Viperina disse...

Fico satisfeito pela sua posição.

Complemento apenas o meu anterior comentário salientando que umas das recomendações previstas na carta - a de complementar o ensino com componentes extra-curriculares (aulas de informática, desporto,...) será mais fácil e melhor correspondido se esta concentração existir.

Por outro lado será uma forma de dinamizar alguns dos meios já existentes e celebrar protocolos de cooperação com algumas entidades (ex. S.C.Paivense).

cmps.

Anónimo disse...

Mais uma vez se repara a estratégia socialista que segue directamente do PS nacional até às bases locais:

quem encerra é a Ministra,
mas ainda conseguem dizer que quem fala em encerrar e quem encerra são as autarquias.

São as DRECs e congéneres que dizem o que se deve encerrar e como a carta dev e ser redigida em função dos subsídios que se desejam receber, mas são as autarquias que fecham.
São elas que fecham, ~são as autarquias que não aumentam as outras num espaço de 3ou 4 meses.

Salvo o devido respeito, Paulo, isso já é desonestidade intelectual e concentração em pormenores de somenos importância.

Abraço e parabéns, pois o PSD ainda tem que aprender muito convosco como se faz política.

PTM disse...

A carta educativa é um exemplo da capacidade de decisão das autarquias. O desenho do futuro da educação no Cocnelho é definido pela autarquia. É claro como água. Não vejo onde está a desonestidade intelectual aqui.
Além do que, creio que não viu em nenhum lado um repúdio pelo encerramento das escolas.E mais, sou Queiriguense, e na minha freguesia uma já fechou, e a da sede também, pelos vistos, se prepara para fechar, e nem por isso discordo dessa posição.

Anónimo disse...

Vejo com agrado os comentários feitos a propósito da carta educativa... No entanto, o conteúdo do post colocado neste blog não me deixa claramente satisfeito com a perspectiva dos acontecimentos de um dia que deveria ser de esclarecimento, de troca de ideias.. No fundo trazer a discussão para a praça pública um assunto de grande importância! Um assunto adiado por três anos, por medo de consequências políticas que afinal se tornou real!
O conteúdo do post poderia ser de esclarecimento, mas não. É mais um post enviesado, perturbado por condições atmosféricas adversas, entenda-se políticas..
Espero que esta crítica não seja entendida como ofensiva, mas construtiva.. Apesar de conter por vezes expressões mais efusivas!

Continuação de um bom trabalho de esclarecimento e pela procura de debater ideias para um Concelho melhor

Homem da nave

PTM disse...

Este, como têm sido outros, foi um post a comentar um facto que se passou - a discussão pública da Carta Educativa.
Não vimos, e não vemos grande necessidade da questão do "esclarecimento" simplesmente porque a Carta Educativa está disponível para consulta quer nas Juntas de freguesia quer no Portal da Câmara Municipal.
Presumimos, talvez erradamente que, quem visita os blogs também visita o site da Câmara Municipal.
E não há melhor esclarecimento do que a própria Carta Educativa.
Além do mais, este está longe de ser um assunto encerrado e ainda muito se vai falar e decidir sobre ela.